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Apenas uma relíquia do Plioceno...

quarta-feira, junho 22, 2005

Hipocrisia e preconceito "do bem"

OLHA, EU AMO as baleias. De paixão. Todas elas. Estou falando, evidentemente, dos cetáceos. Não há cena mais linda no mundo natural do que uma jubarte saltando no Oceano Austral com as montanhas da Península ao fundo. Quem viu não esquece nunca.

Agora, não dá mais para engolir a hipocrisia dos países conservacionistas na Comissão Internacional da Baleia, aquele órgão criado para DISCIPLINAR A CAÇA e que acabou virando palanque do Greenpeace (que eu também adoro). Pra começo de conversa, eles mudaram a tradução do nome da comissão, que se chamava, mind you, COMISSÃO BALEEIRA INTERNACIONAL.

Depois, em nome da conservação das baleias, eles fazem todo tipo de jogo diplomático sujo, como barrar indefinidamente o Esquema de Manejo Revisado, documento para regulamentar a caça que é o OBJETIVO da comissão. E adotam dois pesos e duas medidas para se posicionar sobre o assunto. Leia o release abaixo, que vem do Projeto Baleia Franca:

Ulsan, Coréia do Sul, 22/06/2005 – O Brasil conseguiu novamente uma maioria
de países a favor da criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul, mas as
normas arcaicas da Comissão Internacional da Baleia (CIB), criada em 1946,
exigem ¾ dos países votantes para a implementação de santuários e a proposta não será implementada neste ano. Mesmo assim, a votação, de 29 países a favor e 26 contra com duas abstenções, foi comemorada pela delegação brasileira na CIB, que vê na maioria uma vitória política a mais contra a volta da caça à baleia no
Atlântico. “É só olhar para as listas de países a favor e contra a proposta para entender o que está se passando na CIB”, disse o Coordenador do Projeto Baleia Franca e integrante da delegação brasileira, José Truda Palazzo Júnior. “Apoiando o Brasil, estavam a Argentina, África do Sul, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e quase todos os países europeus. Contra a proposta, estavam Japão, Nauru, Kiribati, Tuvalu, Gabão... francamente, é de doer”, acrescentou Truda, vice-comissário do Brasil, referindo-se ao grupo de países pejorativamente chamados de “puppets” (marionetes) na CIB por terem sido recrutados pelo Japão para votar a favor da caça à baleia, em troca de auxílio financeiro.

Com todo respeito ao Truda, um baleiólogo de primeiríssima linha, não dá pra dizer que as regras da CIB são "arcaicas" quando jogam contra os nossos interesses e automaticamente "legítimas" quando é pra impedir que o Japão e suas marionetes reabram a captora comercial. Fora o preconceito ao se referir a Gabão, Tuvalu e cia.

Seria muito mais construtivo se Brasil, Austrália, Argentina e EUA parassem de bater cabeça com os japas e liberassem a caça à baleia no mar territorial do Japão (consolidando de direito uma situação que já existe de fato) e transformando todos os outros oceanos em santuário. De quebra, isso acabaria com a putaria nipônica de fazer caça pirata na Antártida.