Green (no) go
LEIO HOJE NO ESTADÃO que o governo prepara um projeto para enquadrar as ONGs que atuam na Amazônia. Para estrangeiro entrar na nossa floresta, a trabalho, só com autorização da Defesa e da Justiça.
Acho a proposta do caralho. Tem uma porrada de picareta barbarizando na Amazônia em nome do "meio ambiente", ou, pior ainda, em nome de "Deus". Esses calhordas vão do Summer Institute of Linguistics e a New Tribes, organizações missionárias que querem levar a palavra de Cristo a sociedades totêmicas e ágrafas da Idade da Pedra, até o tal Eliasch, que anda comprando ou querendo comprar terras na Amazônia para fins de preservação, com a aparente anuência de David Miliband, chanceler do Reino Unido, que disse e depois negou ter dito que a única solução para a Amazônia é comprá-la dos brasileiros - embora isso pudesse "levantar algumas questões de soberania". Toda essa patota se escuda em ONGs.
Adianto, no entanto, que o plano do Curinga não vai funcionar. Primeiro, porque pouca gente mal-intencionada entra aqui com visto de trabalho. Biopiratas potenciais, muito menos (aliás, esse mito da biopirataria já foi desmontado em prosa e verso mais de uma vez por Marcelo Leite) Segundo, porque há questões pertinentes a serem feitas:
1 - Várias dessas ONGs são, a rigor, brasileiras e não "estrangeiras". O Greenpeace não funciona como uma empresa multinacional que remete lucros ao exterior; ao contrário, a sua campanha Amazônia é brasileira, tocada por brasileiros.
2 - Sim, ONGs recebem em "libras, dólares, euros e outras moedas fortes", como diz o Estadão. Mas, ops, o Ministério do Meio Ambiente também. E muito. O Arpa, programa para financiar a criação de unidades de conservação na Amazônia, tem euros do WWF e dólares do Banco Mundial. Fora o PPG-7, que tem 300 milhões da Alemanha. E aí? Os consultores internacionais a serviço de Marina Silva terão de pedir autorização ao governo para trabalhar para o governo?
3 - O Estadão fala também que a Amazônia é uma "exuberante reserva de carbono" e que há "estrangeiros de olho nesse tesouro". Pergunto: como é que alguém iria se apropriar do carbono da Amazônia? Um Nobel para quem desenvolver um método. De repente o Estadão e os militares acham que carbono é que nem tório ou aranhas, que você põe numa caixa e despacha para o exterior.
Sei lá. De repente eles são mais espertos do que eu e já pensaram em tudo. Mas isso me soa uma costura de última hora que vazou para a imprensa para aplacar essa nova onda nacionalista gerada em torno de Raposa/Serra do Sol e seus arrozeiros e generais delirantes.
Acho a proposta do caralho. Tem uma porrada de picareta barbarizando na Amazônia em nome do "meio ambiente", ou, pior ainda, em nome de "Deus". Esses calhordas vão do Summer Institute of Linguistics e a New Tribes, organizações missionárias que querem levar a palavra de Cristo a sociedades totêmicas e ágrafas da Idade da Pedra, até o tal Eliasch, que anda comprando ou querendo comprar terras na Amazônia para fins de preservação, com a aparente anuência de David Miliband, chanceler do Reino Unido, que disse e depois negou ter dito que a única solução para a Amazônia é comprá-la dos brasileiros - embora isso pudesse "levantar algumas questões de soberania". Toda essa patota se escuda em ONGs.
Adianto, no entanto, que o plano do Curinga não vai funcionar. Primeiro, porque pouca gente mal-intencionada entra aqui com visto de trabalho. Biopiratas potenciais, muito menos (aliás, esse mito da biopirataria já foi desmontado em prosa e verso mais de uma vez por Marcelo Leite) Segundo, porque há questões pertinentes a serem feitas:
1 - Várias dessas ONGs são, a rigor, brasileiras e não "estrangeiras". O Greenpeace não funciona como uma empresa multinacional que remete lucros ao exterior; ao contrário, a sua campanha Amazônia é brasileira, tocada por brasileiros.
2 - Sim, ONGs recebem em "libras, dólares, euros e outras moedas fortes", como diz o Estadão. Mas, ops, o Ministério do Meio Ambiente também. E muito. O Arpa, programa para financiar a criação de unidades de conservação na Amazônia, tem euros do WWF e dólares do Banco Mundial. Fora o PPG-7, que tem 300 milhões da Alemanha. E aí? Os consultores internacionais a serviço de Marina Silva terão de pedir autorização ao governo para trabalhar para o governo?
3 - O Estadão fala também que a Amazônia é uma "exuberante reserva de carbono" e que há "estrangeiros de olho nesse tesouro". Pergunto: como é que alguém iria se apropriar do carbono da Amazônia? Um Nobel para quem desenvolver um método. De repente o Estadão e os militares acham que carbono é que nem tório ou aranhas, que você põe numa caixa e despacha para o exterior.
Sei lá. De repente eles são mais espertos do que eu e já pensaram em tudo. Mas isso me soa uma costura de última hora que vazou para a imprensa para aplacar essa nova onda nacionalista gerada em torno de Raposa/Serra do Sol e seus arrozeiros e generais delirantes.
3 Comments:
Demorou para o governo tomar uma atitude dessa... Apesar, que não há intensa fiscalização na Amazônia...
http://xisxis.wordpress.com/
Eu já disse isso em outros lugares e repito aqui. Podem ficar com Roraima, desde que levem junto, no mínimo, Piauí e Alagoas.
Leio nos jornais hoje que o Maggi quer desmatar para resolver a crise dos preços dos alimentos, e que o senado quer liberar madeireiras porque a repressão causa desemprego.
Cacete. Vou comprar um Hummer e uma serra elétrica.
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