"Nordestino brigando com nordestino"
O MINISTRO CIRO GOMES mostrou ontem na CNBB que nem todos os anos que passou tomando aula de etiqueta em Harvard conseguiram deletar algo que está entranhado em sua personalidade: ele é só mais um típico político coronelista nordestino, textbook case. Na frente dos bispos, mais uma vez ameaçou descumprir o que seu padim Lula combinara com D. Luiz Cappio para encerrar a greve de fome e empurrar a transposição do São Francisco goelas e batinas abaixo. Fez ironias. E, no melhor estilo autoritário, apelou feio ao defender que "nordestino brigando com nordestino sobre isso é um equívoco histórico" (Folha de S.Paulo).
É, como dizem os geneticistas, uma reversão ao estado selvagem. Não sou teórico da comunicação, mas não consigo deixar de ver Ciro com o bigodinho raspado bradando à unidade do "Volk", ou de olhinhos vesgos invocando a "homeland". Como Hitler, Bush, Médici e todos os outros políticos totalitários, o marido de Patrícia Pillar não tenta unir as dissidências pela lógica insofismável de seu maravilhoso projeto, mas sim desmanchar o debate em nome de uma entidade maior, tão atávica quanto fictícia.
O ministro é um manipulador hábil de informação. Apresenta seus pontos com um spin sofisticado, de modo que nunca está mentindo, mas nunca está falando a verdade. E a verdade, já apresentada por vários especialistas há vários anos, é que a transposição tem o propósito único de perpetuar o clã Gomes no poder cearense e nacional, injetando milhões em suas campanhas e garantindo votos via transferência do big business para as terras irrigadas do seu Estado. Veja aqui algumas de suas falácias:
* "A retirada de água será de apenas 26 m3/s, 1% da vazão do rio quando Sobradinho não estiver vertendo". Ora, Sobradinho passa 60% do tempo sem verter. E o projeto de engenharia está dimensionado para mais de 130 m3/s. E o plano de reforma agrária ao longo dos canais consumiria, sozinho, mais de 26 m3/s. Quer dizer, ou vai faltar água 60% do tempo ou a retirada será maior do que o combinado. E depois de gasta a grana para a obra faraônica, como é que a ANA vai negar?
* "O projeto não foi feito para irrigação". Das duas uma: ou o ministro é um cínico de grosso calibre ou não se deu o trabalho de ler o Eia-Rima da transposição, que atesta com todas as letras que 57% da água será destinada a irrigação.
* "O projeto vai beneficiar 12 milhões de pessoas". Essa é a falácia mais clássica. 12 milhões é o número total de pessoas que vivem no Polígono das Secas. O número real de beneficiados não passará de 400 mil, como mostrou Martha Salomon na Folha tempos atrás.
* "O bispo viu uma versão desatualizada do projeto". Give me a fucking break. O projeto de engenharia não mudou uma linha do governo FHC (que resistiu à pressão da buchada, em mais uma demonstração de sua saudosa raposice política, ou cedeu demais ao então amigo ACM) até agora.
Enfim, são coisas para prestar atenção agora. Para não chorar depois de 2010.
É, como dizem os geneticistas, uma reversão ao estado selvagem. Não sou teórico da comunicação, mas não consigo deixar de ver Ciro com o bigodinho raspado bradando à unidade do "Volk", ou de olhinhos vesgos invocando a "homeland". Como Hitler, Bush, Médici e todos os outros políticos totalitários, o marido de Patrícia Pillar não tenta unir as dissidências pela lógica insofismável de seu maravilhoso projeto, mas sim desmanchar o debate em nome de uma entidade maior, tão atávica quanto fictícia.
O ministro é um manipulador hábil de informação. Apresenta seus pontos com um spin sofisticado, de modo que nunca está mentindo, mas nunca está falando a verdade. E a verdade, já apresentada por vários especialistas há vários anos, é que a transposição tem o propósito único de perpetuar o clã Gomes no poder cearense e nacional, injetando milhões em suas campanhas e garantindo votos via transferência do big business para as terras irrigadas do seu Estado. Veja aqui algumas de suas falácias:
* "A retirada de água será de apenas 26 m3/s, 1% da vazão do rio quando Sobradinho não estiver vertendo". Ora, Sobradinho passa 60% do tempo sem verter. E o projeto de engenharia está dimensionado para mais de 130 m3/s. E o plano de reforma agrária ao longo dos canais consumiria, sozinho, mais de 26 m3/s. Quer dizer, ou vai faltar água 60% do tempo ou a retirada será maior do que o combinado. E depois de gasta a grana para a obra faraônica, como é que a ANA vai negar?
* "O projeto não foi feito para irrigação". Das duas uma: ou o ministro é um cínico de grosso calibre ou não se deu o trabalho de ler o Eia-Rima da transposição, que atesta com todas as letras que 57% da água será destinada a irrigação.
* "O projeto vai beneficiar 12 milhões de pessoas". Essa é a falácia mais clássica. 12 milhões é o número total de pessoas que vivem no Polígono das Secas. O número real de beneficiados não passará de 400 mil, como mostrou Martha Salomon na Folha tempos atrás.
* "O bispo viu uma versão desatualizada do projeto". Give me a fucking break. O projeto de engenharia não mudou uma linha do governo FHC (que resistiu à pressão da buchada, em mais uma demonstração de sua saudosa raposice política, ou cedeu demais ao então amigo ACM) até agora.
Enfim, são coisas para prestar atenção agora. Para não chorar depois de 2010.
1 Comments:
Paranthropus,existe um nervo excepcionalmente importante no corpo humano.Chama-se vago.
À menor compressão os resultados se manifestam.Ciro é um vagal.
Nem Harvard...abs
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