Double, double, tracks and trouble
E EIS QUE ACABOU a COP de Montréal. Se não com uma vitória, ao menos com um plano de ação que vai dar origem a um mandato que vai dar origem a um protocolo -- fraco e sem enforcing definido, como Kyoto, apenas mais longo.
Muita gente no governo poderá dizer: mas veja que ótimo, iniciou-se uma discussão sobre florestas. Sinto bancar a Debbie Downer, mas o que eu vejo aí é um problema. Porque Montréal santificou a chamada estratégia dos "dois trilhos". C'est à dire: em um trilho negocia-se Kyoto, metas, prazos e reduções compulsórias de emissão. Nesse trilho estão os povos de bem: UE, Japão, Rússia, economias do Leste europeu e até o Canadá. São países que não só querem Kyoto como acreditam que podem lucrar com isso num mercado futuro de tecnologias de energia. São investidores.
No outro trilho, o da Convenção do Clima, estão los malos de la película: EUA e Austrália, movidos respectivamente pelo lobby do petróleo e pela estupidez. Aqui colou o discurso das "ações voluntárias", como o espetacular plano Bush para reduzir a "intensidade de carbono" da economia dos EUA (pra quem não conhece a iniciativa, ela visa a reduzir o carbono emitido por unidade de PIB, o que, num país cujo setor de serviços cresce mais do que a indústria pesada, significa essencialmente coçar um bago com cada mão). E, surpresa, quem está engatadinho atrás dos Estados Unidos no segundo trilho? NÓS. O Brasil, a China, a Índia e o resto do G-77, que não aceitam falar em redução de emissões nem depois de 2013 nem nunca.
Não que eu discorde dessa estratégia; mas cria-se uma desconfortável impressão de que os pobre se escoraram nessa maldita palavra "voluntárias" para não fazer nada, esvaziando targets e timetables. E dando toda razão aos EUA em seu lento mas certo assassinato da cooperação ambiental internacional.
Pois bem: já que o bom senso dos governos não funcionou, resta apelar aos deuses para que protejam aos EUA de novos Katrinas e a nós de novos Catarinas.
Muita gente no governo poderá dizer: mas veja que ótimo, iniciou-se uma discussão sobre florestas. Sinto bancar a Debbie Downer, mas o que eu vejo aí é um problema. Porque Montréal santificou a chamada estratégia dos "dois trilhos". C'est à dire: em um trilho negocia-se Kyoto, metas, prazos e reduções compulsórias de emissão. Nesse trilho estão os povos de bem: UE, Japão, Rússia, economias do Leste europeu e até o Canadá. São países que não só querem Kyoto como acreditam que podem lucrar com isso num mercado futuro de tecnologias de energia. São investidores.
No outro trilho, o da Convenção do Clima, estão los malos de la película: EUA e Austrália, movidos respectivamente pelo lobby do petróleo e pela estupidez. Aqui colou o discurso das "ações voluntárias", como o espetacular plano Bush para reduzir a "intensidade de carbono" da economia dos EUA (pra quem não conhece a iniciativa, ela visa a reduzir o carbono emitido por unidade de PIB, o que, num país cujo setor de serviços cresce mais do que a indústria pesada, significa essencialmente coçar um bago com cada mão). E, surpresa, quem está engatadinho atrás dos Estados Unidos no segundo trilho? NÓS. O Brasil, a China, a Índia e o resto do G-77, que não aceitam falar em redução de emissões nem depois de 2013 nem nunca.
Não que eu discorde dessa estratégia; mas cria-se uma desconfortável impressão de que os pobre se escoraram nessa maldita palavra "voluntárias" para não fazer nada, esvaziando targets e timetables. E dando toda razão aos EUA em seu lento mas certo assassinato da cooperação ambiental internacional.
Pois bem: já que o bom senso dos governos não funcionou, resta apelar aos deuses para que protejam aos EUA de novos Katrinas e a nós de novos Catarinas.
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