Ideias antigas

Fósseis, árvores, minorias, filhos e outras coisas fora de moda

Minha foto
Nome:

Apenas uma relíquia do Plioceno...

sexta-feira, setembro 26, 2008

Já dizia Adoniran

EU ARRANJEI O MEU DINHEIRO
TRABALHANDO O ANO INTEIRO
NUMA CERÂMICA
FABRICANDO POTE

E LÁ NO ALTO DA MOÓCA
EU COMPREI UM LINDO LOTE
DEZ DE FRENTE E DEZ DE FUNDO
CONSTRUÍ MINHA MALOCA

ME DISSERAM QUE SEM PLANTA
NÃO SE PODE CONSTRUIR
MAS QUEM TRABALHA TUDO PODE CONSEGUIR
JOÃO SARACURA QUE É FISCAL DA PREFEITURA
FOI UM GRANDE AMIGO, ARRANJOU TUDO PRA MIM

POR ONDE ANDARÁ JOCA E MATOGROSSO
AQUELES DOIS AMIGOS
QUE NÃO QUIS ME ACOMPANHAR
ANDARÃO JOGADOS NA AVENIDA SÃO JOÃO
OU VENDO O SOL QUADRADO NA DETENÇÃO

MINHA MALOCA, A MAIS LINDA QUE EU JÁ VI
HOJE ESTÁ LEGALIZADA NINGUÉM PODE DEMOLIR

MINHA MALOCA, A MAIS LINDA DESTE MUNDO
OFEREÇO AOS VAGABUNDOS
QUE NÃO TÊM ONDE DORMIR

terça-feira, setembro 23, 2008

Richard Wright


A PRIMEIRA VEZ que eu ouvi Rick Wright tocar foi em 1989. Eu tinha 14 anos, começava a me interessar por música, e os cacos do Pink Floyd haviam se reunido pouco tempo antes para gravar Delicate Sound of Thunder. Aí houve o show de Veneza.
Veneza até hoje se lembra muito vividamente desse show. Eu também, mas por motivos opostos: para mim, aquilo era simplesmente a coisa mais espetacular que alguém podia fazer com guitarra, baixo, bateria e teclados. Muitos teclados.
Em 1991, Shine on Your Crazy Diamond entrou na minha vida. Foi composta em 1975, ano em que nasci. A introdução de teclado de Rick Wright é um dos grandes momentos da música do século 20. Provavelmente a melhor coisa que já se compôs no Ocidente desde o Album Branco. Ficava noites a fio ouvindo-a, em vinil.
Por conta dessa música, fui parar em Machu Picchu no verão de 1992, aos 16 anos (para ver o célebre show que nunca houve), numa viagem que de certa forma definiu a vida de dois adolescentes.
Depois dela, meu amigo Guilherme Carvalho optou de vez pela música. Hoje leciona composição na Universidade de Paris. E ainda escuta Pink Floyd.
Rick Wright morreu nesta semana, de câncer. Ganhou exatos três parágrafos de obituário no maior jornal do país e nem isso no maior jornal de São Paulo. É genericamente associado com um fóssil, um dinossauro, um dead-end evolutivo, uma bizarrice dos anos 60 sem herdeiros nem continuidade. Pergunte a Thom Yorke o que ele acha disso.
Mas pior do que o descaso esperado da Ilustrada - aquele caderno que gosta de incensar pop lésbico e João Gilberto e cujos críticos de música entendem tanto do que falam quanto eu entendo de equações diferenciais - foi ler o que David Gilmour escreveu em seu site sobre o ex-companheiro de banda. Talvez fosse para ser uma homenagem, mas acabou sendo uma mistura de vilipêndio a cadáver e autoelogio.

Coisas do tipo:
"Rick's enormous input was frequently forgotten"
Porra, o cara era tecladista do Pink Floyd! Só isso! A definição de rock psicodélico passa pelos teclados de Wright. Como assim freqüentemente esquecida? Por quem?
"The blend of his and my voices"
Loas a si mesmo.
"Without his quiet touch the Album 'Wish You Were Here' would not quite have worked."
Parece que ele está falando apenas de um músico competente que contratou para gravar um disco.
"In our middle years, for many reasons he lost his way for a while,(...)"
Isso é coisa que se diga de um companheiro morto?"Enfim, descanse em paz, Wright. Se conseguir.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Encerrem as buscas


Os 5 bilhões de dólares valeram a pena: o Higgs já foi visto no LHC

terça-feira, setembro 02, 2008

Fly to Dubai

A SINGELA CAPITAL dos Emirados Árabes Unidos se vende como a meca (com o perdão do trocadilho) do turismo de luxo: empresa aérea com vôos diários dos rincões mais remotos do planeta, como o Brasil, hotéis faraônicos, ilhas artificiais, lojas de grife. Mas aí acontecem umas coisas que fazem lembrar que o país ainda vive na Idade Média.
Bom Ramadã pra vocês.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Diagnóstico

JOSÉ CARLOS AZEVEDO, 76, volta à carga hoje na Folha contra os lunáticos alarmistas do aquecimento global.
Quem se deu o trabalho de ler o artigo vai ver que é rigorosamente o mesmo conjunto de "argumentos" já desancados aqui alguns posts abaixo. As mesmas frases. A mesma menção a Lorentz e Von Neumann.
Quando meu avô começou a se repetir desse jeito os médicos diagnosticaram Alzheimer.