EM HONRA AOS DOIS OU TRÊS PARAENSES DE NASCIMENTO OU ADOÇÃO QUE FREQÜENTAM ESTE BLÓGUE, TOMEI A LIBERDADE DE REESCREVER A TRÁGICA
"reportagem" de uma certa Heloísa Lupinacci para a Folha de S.Paulo, caderno Turismo, sobre Belém do Pará.
Disclaimer: mantenho a ortografia da autora.
São Paulo: Cidade intercala encantos e problemas
HELOISA LUPINACCI
Enviada especial a São Paulo (SO)
Bem no centro de São Paulo fica o Páteo do Colégio, construção ligada à origem da cidade. Erguido no século 16, está voltado para o encontro do rio Tietê com o asfalto. De lá, das grossas paredes de pau-a-pique, se tem a melhor vista para o principal ponto turístico da capital paulista: a Praça da Sé.
Entre o páteo e a praça, avista-se um trecho bastante degradado, em que homens e mulheres tomam banho nas águas do chafariz, comem churrasco grego em barraquinhas e dormem em papelões esticados nos bancos que ficam ali atracados.
Apesar de a descrição soar algo bucólica, a cena não é bonita. Tudo sujo, o mau cheiro toma o ar e o moço da farmácia no meio do cenário avisa: cuidado com o "mão fina" (batedor de carteira).
São Paulo é assim: intercala lugares lindos a trechos degradados. À primeira vista, a cidade é feia. Suja, esfumaçada, quente, bagunçada. As calçadas são tomadas por barracas, que, à noite, se transformam em amontoados de gente e desencorajam o turista de caminhar.
A reação é evitar o passeio. Mas ela pode ser exagerada. Um motorista de táxi se recusa a fazer a corrida: "Mas a Liberdade [destino da corrida] é a cinco quadras daqui, vá caminhando". Não é perigoso? "Não. Pode ir", garante.
Ao passar dos dias, a cidade vai mostrando seu lado bonito. São museus, prédios, vistas do rio. Lugares únicos, que só poderiam estar lá, mas são isolados. Não formam um conjunto bonito, porque não estão colados uns aos outros. Ficam escondidos na bagunça geral, que camufla também iniciativas de revitalização, como a Praça do Patriarca, uma praça montada dentro de uma parada de ônibus reformada, e o Parque da Luz --onde ficam a antiga estação, a Sala São Paulo e o Museu de Moderna. Pontos que são ilhas na cidade.
À terceira vista, na volta da viagem, a primeira impressão é confirmada. A cidade é feia. Mas aqui e ali há lugares que compensam a longa jornada.
A viagem, aliás, não é só longa como é cara. A passagem aérea pode custar R$ 1.440 (veja preços na pág. F5). Assim, é difícil encarar a cidade como um destino turístico --exceto para fãs de gastronomia e arquitetura.
Porém, aqueles que rumam a destinos de natureza nos arredores passarão alguns dias na cidade. E, nesse tempo, poderão reunir boas lembranças.