Ideias antigas

Fósseis, árvores, minorias, filhos e outras coisas fora de moda

Minha foto
Nome:

Apenas uma relíquia do Plioceno...

segunda-feira, setembro 24, 2007

O rei está nu (e andando de SUV)

ALGUÉM precisa contar pra esse povinho da ONU que George W. Bush não é legal, não é um herói e não está a fim de colaborar com o acordo pós-Kyoto.

A julgar pelas declarações de Achim Steiner, burocratão ambiental da ONU, hoje na Folha de S.Paulo, os EUA são "um grande parceiro" no clima só porque toparam acelerar o phasing-out do HCFC, algo que o mundo inteiro já estava fazendo de qualquer forma.

Pois a primeira atitude do "grande parceiro", como mostra a própria Folha e como escancara hoje o New York Times , foi dar um miau na conferência convocada pelo Ban Ki-Múmia para impulsionar as negociações formais em Bali. Way to go.

Depois, nada, insisto, NADA do que Bush vem propondo é de fato novo ou diferente das posições históricas dos EUA na questão (evitar perda de competitividade e resistir pendurado no saco dos combustíveis fósseis o quanto conseguir). Como o próprio Alan Greenspan conta em seu novo livro, o nome do jogo é petróleo. Até Bush sabe que os combustíveis fósseis não vão durar para sempre, mas a América precisa ganhar tempo para fazer sua transição energética, coisa que a Europa vem fazendo desde os anos 1970. E esse tempo, infelizmente (para nós), é diferente do tempo exigido pelo planeta.

Agora, Bush não é bobo e está jogando com a platéia. Sua estratégia tem o objetivo único de jogar o problema para 2008, para que os democratas resolvam. E tentar entrementes dar uma limpadinha no próprio currículo. Louco genocida, OK, vá lá. Mas louco, genocida e poluidor é demais, né?

Poizé.

domingo, setembro 16, 2007

Pequeno dicionário de bibocas e fins-de-mundo

AO CHEGAR aos 32 anos, sem muita certeza de que dobrarei a cifra (a acreditar naquela fórmula de "tantos anos de vida a menos por trabalho estressante/falta de dinheiro/sedentarismo/morar em São Paulo"), apanhei-me pensando na quantidade de lugares esquisitos por onde já andei neste país (e alhures). São poucas as pessoas abaixo do paralelo 15 que podem clamar ter conhecido Conselvan, no proverbial esfíncter noroeste do Mato Grosso. E poucos acima dele os que já estiveram em Palmas, Santa Catarina (ou será Paraná? Depois da guerra eu não sei com quem ficou). Vários desses lugares são especiais, interessantes, bonitos, têm histórias pra contar; vários deles não passam de bibocas onde seu carro quebra e o celular não pega.

"Talvez", pensei no ônibus (esse tipo de pensamento ocioso só aparece em ônibus), "fosse o caso de contar para alguém, ou lembrar a mim mesmo, que esses lugares existem". Uma espécie de guia turístico às avessas. Sei lá.

Como dizem as mocinhas do telemarketing, vou estar tentando.

Aguarde.

São Paulo das selvas


QUEM OLHA PARA AS FOTOGRAFIAS do interior de São Paulo reunidas por meu guru Marcelo Leite no livro "Nos Caminhos da Biodiversidade Paulista" pode achar que errou de Estado. A maior parte delas lembra mais as imagens do Mato Grosso registradas pelos irmãos Villas Bôas na década de 1940: rios caudalosos, amplas cachoeiras, corredeiras, floresta densa, índios pelados. Mas estamos no noroeste paulista em 1905. Rio Preto, Presidente Prudente, Araçatuba, enfim, todas as terras entre os vales do Tietê, do Grande e do Paranapanema.
A Alta Noroeste, como é conhecida a região, era em pleno começo do século 20 "território dos indios feroses". Antas e sucuris de 8 metros nadavam no Tietê, hoje lar de dourados e tucunarés trazidos por pescadores esportivos que levaram a ictiofauna local ao colapso.
Um relato feito por membros da Comissão Geográfica dá uma idéia de como os índios kaingáng (na época, "coroados") eram vitimados por reides de sertanejos:
"Reuniam-se 20 ou 30 sertanejos armados de
carabinas e facões. (...) Dormiam na visinhança das aldeias, em geral compostas
de 6 a 7 ranchos e habitadas por umas 20 a 30 pessoas, esperavam o amanhecer
para dar o ataque, quando ainda entorpecidos pelo somno, a acção do inimigo
pudesse ser menor que a dos assaltantes. Emquanto uns alvejavam os indios (...)
outros entravam nos ranchos e a tiro e a facão timavam os arcos e os tacapes que
pudessem encontrar (...) e era raro o filho das selvas que conseguia escapar do
morticinio."

PS: em menos de 60 anos a região se converteu num imenso canavial.

sexta-feira, setembro 07, 2007

Pensamentos felizes sobre a crise do clima

The ice age is coming
The sun's zooming in
Meltdown expected
The wheat is growing thin
Engines stop running
but I have no fear
Cause London is drowning and I
live by the river

(John Strummer)

domingo, setembro 02, 2007

Boca santa

IGNOREM O POST ABAIXO: acabo de ser informado de que o Felix já foi promovido a categoria 4 e pode virar um 5 nas próximas 36 horas.
Seguuura, peão!

Marcadores:

Sopa de letrinhas

HÁ DUAS SEMANAS, quando do aniversário de dois anos do arraso de New Orleans pelo furacão Katrina, o climatologista americano Kevin Trenberth deu uma curiosa entrevista à Folha na qual dizia que a temporada de 2007 seria "acima da média" e que a região do Golfo não havia aprendido a lição: continuavam as construções em zonas litorâneas como se a realidade climática não tivesse mudado. "Cedo ou tarde vai ocorrer outro desastre", profetizou.
Hoje o Felix, que se abate sobre o Caribe e já matou meia-dúzia em Aruba, foi elevado a furacão de categoria dois, após o Dean (categoria 5) e Enron (tormenta noemada que não chegou a virar furacão mas alagou Oklahoma).
Fico me perguntando qual será a letra que produzirá a próxima tragédia.