Ideias antigas

Fósseis, árvores, minorias, filhos e outras coisas fora de moda

Minha foto
Nome:

Apenas uma relíquia do Plioceno...

quinta-feira, maio 31, 2007

Tradução simultânea


PARA QUEM não entendeu nada do discurso de Dumbya W. Bush ontem (e isso inclui líderes do G8+5, empresários, parlamentares americanos e o público em geral), este blog fornece inteiramente grátis uma tradução do bushês para o português de seus principais trechos. Confira:
EM BUSHÊS:
"In recent years, science has deepened our understanding of climate change and opened new possibilities for confronting it."
EM PORTUGUÊS:
"Depois do IPCC 4, nem os técnicos mais cara-de-pau que eu e a Exxon nomeamos para a EPA conseguimos negar que o problema da mudança climática é real e causado por atividades humanas - mais especificamente, americanas."
EM BUSHÊS:
" The United States takes this issue seriously. The new initiative I am outlining today will contribute to the important dialogue that will take place in Germany next week."
EM PORTUGUÊS:
"Chupa, Merkel!"
EM BUSHÊS:
"The United States will work with other nations to establish a new framework on greenhouse gas emissions for when the Kyoto Protocol expires in 2012."
EM PORTUGUÊS:
"Se fodeu, Merkel!"
EM BUSHÊS:
"So my proposal is this: By the end of next year, America and other nations will set a long-term global goal for reducing greenhouse gases. To help develop this goal, the United States will convene a series of meetings of nations that produce most greenhouse gas emissions, including nations with rapidly growing economies like India and China. "
EM PORTUGUÊS:
"Vamos convocar uma comissão para nomear uma assembléia para chamar uma reunião."
EM BUSHÊS:
"In addition to this long-term global goal, each country would establish midterm national targets, and programs that reflect their own mix of energy sources and future energy needs. Over the course of the next 18 months, our nations would bring together industry leaders from different sectors of our economies, such as power generation and alternative fuels and transportation. These leaders will form working groups that will cooperate on ways to share clean energy technology and best practices."
EM PORTUGUÊS:
"Qualquer ação será supervisionada pela Exxon e pelo lobby do carvão, para assegurar que nenhuma medida concreta seja tomada."
EM BUSHÊS:
"It's important to ensure that we get results, and so we will create a strong and transparent system for measuring each country's performance."
EM PORTUGUÊS:
"Te cuida, China."
EM BUSHÊS:
"The world is on the verge of great breakthroughs that will help us become better stewards of the environment."
EM PORTUGUÊS:
"Tenho fé em Deus que um milagre tecnológico vai acontecer."
EM BUSHÊS:
"If we can get a breakthrough in clean coal technologies, it's going to help the developing world immeasurably, and at the same time, help protect our environment."
EM PORTUGUÊS:
"Até eu sei que isso fere a segunda lei da Termodinâmica, mas o pessoal do lobby do carvão me fez incluir esse trecho no discurso. Mal aê."
EM BUSHÊS:
"We're spending a lot of money on clean, safe nuclear power. If you're truly interested in cleaning up the environment, or interested in renewable sources of energy, the best way to do so is through safe nuclear power."
EM PORTUGUÊS:
"Chupa, Merkel!"
EM BUSHÊS:
"We're spending a lot of your money in figuring out ways to produce ethanol from products other than corn. One of these days, we'll be making fuel to power our automobiles from wood chips, to switchgrasses, to agricultural wastes."
EM PORTUGUÊS:
"Chupa, Lula!"
EM BUSHÊS:
"I think it makes sense to have our farmers growing energy, so that we don't have to import it from parts of the world where they may not like us too much."
EM PORTUGUÊS:
"O bicho tá pegando em Bagdá."
EM BUSHÊS:
"Last week, the Department of Energy announced that in 2006, our carbon emissions decreased by 1.3 percent while our economy grew by 3.3 percent. This experience shows that a strong and growing economy can deliver both a better life for its people and a cleaner environment at the same time."
EM PORTUGUÊS:
"Tivemos um inverno quente no ano passado. Sinal de que o tempo realmente está ficando louco e que minha estratégia tem dado certo até aqui. O próximo passo é plantar milho no Alasca e na Dakota do Norte."
EM BUSHÊS:
"We're also going to work to conclude talks with other nations on eliminating tariffs and other barriers to clean energy technologies and services by the end of year. If you are truly committed to helping the environment, nations need to get rid of their tariffs, need to get rid of those barriers that prevent new technologies from coming into their countries."
EM PORTUGUÊS:
"Vamos forçar a África, a Ásia e a América Latina a derrubar barreiras comerciais para comprar essas tecnologias caras e ineficientes de energia que a nossa indústria vem produzindo, para evitar que eles comprem coisas melhores da UE. Chupa, Merkel!"

quarta-feira, maio 30, 2007

Nas tetas (e que tetas!) do Estado

- AZAMAT, AZAMAT, great success!

(Ela desliga o secador de cabelos e me olha com uma cara de ponto de interrogação. Digo a ela quanto vou receber da editora pelo trabalho que vinha me tirando as noites de sono e que finalmente concluí.)

- Isso tudo, claro, menos 25% - emendo.

- Menos 27,5% - ela corrige. E dispara:

- Tudo isso para pagar os peitos da Mônica Velloso.

E tripudia:

- E você nem pegou neles.

segunda-feira, maio 28, 2007

Iluminador

DESCULPEM O TROCADALHO, mas é o mínimo que eu posso dizer do artigo de Sérgio Abranches n'O Eco sobre o setor elétrico.

Sem dizer com todas as letras por que nossos políticos têm essa obsessão por grandes obras (e dizendo-o mesmo assim, com todas as letras), o marido de Míriam Leitão faz uma análise centrada dos entraves ao "desenvolvimento do país".

O texto, além de repleto de argumentos baseados em informações inteligentes, é afiado como uma... bem... digamos... NAVALHA.

quinta-feira, maio 24, 2007

Universo umbigo

ALGUÉM TEM uma explicação científica para o fato de SEMPRE, em qualquer vôo doméstico que eu pegue, a simpática mocinha do check-in me botar em um assento que não reclina? Será a minha cara de quem nunca reclama de nada? Ou todas elas combinaram previamente de fazer isso comigo e unicamente comigo todas as vezes?

segunda-feira, maio 21, 2007

High School mico

EU PODERIA falar do vento frio, da muvuca, do preço exorbitante do ingresso, das péssimas condições de visão da arquibancada e do som baixo, das músicas para lá de pasteurizadas (misture Sullivan & Massadas com a nova Nelly Furtado e você terá uma idéia do que eu sofri).

MAS A FRASE que definiu o show de domingo do ponto de vista dos pais (XY) que levaram as crianças para o Morumbi foi proferida pelo sábio Vinicius: "Eu também quero pegar na Ashley!"

(Devidamente socado por sua digníssima na seqüência.)

sexta-feira, maio 18, 2007

Redenção de fim de semana

ROBERT FISK
Blair’s lies and linguistic manipulations

By great good fortune, I studied linguistics at Lancaster University. Indeed, I read the books of Noam Chomsky, many years before he became a good friend of mine; to be honest, when I read his work, I thought Chomsky was dead. What a pleasure, therefore, to discover that he shared my world - and my views on Lord Blair of Kut al-Amara.

But I have to admit a moment of regret this weekend. Lord Blair is going from us. His self-serving memoirs will, of course, remind us of his God-like view of himself (and, heaven spare me, we share the same publishers) but I doubt if Chomsky’s ‘foregrounded elements‘ will save him. A ‘foregrounded element‘ was something unusual, a phrase placed in such a way that it warned us of a lie to come. Take George Tenet, the CIA Ernest Borgnine lookalike who sat behind Colin Powell when the US Secretary of State was uttering all those lies about weapons of mass destruction in February of 2003.

It now turns out that George is mightily upset with the White House. He didn’t refer to evidence of WMD as a ‘slam dunk‘, he says - a basketball phrase which I don’t need to explain. He was talking about the ability of the US government to persuade the American people to go to war based on these lies. In other words, he wasn’t lying to the American president. He was only lying to the American people.

I was struck by all this last month when I came across one of Blair’s lies in my local Beirut paper. Sandwiched beneath a headline which read ‘Saudi reforms lose momentum‘ - surely one of the more extraordinarily unnecessary stories in the Arab press - it quoted our dear Prime Minister as saying that he was very angry that a review committee had prevented him from deporting two Algerians home because their government represented a ‘different political system‘.

The ‘foregrounded‘ element, of course, is the word ‘different‘. This is the word that contains the lie. For the reason why the committee declined to return these men to their country was not - as Blair well knew - because Algeria possesses a ‘different‘ political system but because the Algerian ‘system‘ allows it to torture to death its prisoners. I have myself interviewed Algerian policemen and women who have become perverted by their witness of torture: one policewoman told me how she now loves horror films because they remind her of the repulsive torture she had to watch at the Chateauneuf police station in Algiers - where prisoners had water pumped into their anuses until they died.

I still remember the spiteful and abusive letter that the Algerian ambassador to London wrote to The Independent, sneering at Saida Kheroui whose foot was broken under torture. She was a ‘terrorist‘, this man announced. This is the ‘different‘ political system that Blair was referring to. Ms Kheroui, by the way, never emerged from prison. She was murdered by her torturers. Blair knows that the Algerian security forces rape women to death. He knows this. So how does he dare lie about the ‘different‘ political system which allows police officers to rape women?

We Europeans now make a habit of lying about this. Take the Belgian government. It deported Bouasria Ben Othman to Algeria on 15 July 1996 on the grounds that he would not be in danger if he was returned to his country. He died in police custody at Moustaganem. A ‘different‘ political system indeed. And now I have before me Blair’s repulsive ‘goodbye‘ speech to the British people, uttered at Sedgefield. Putting the country first didn’t mean ‘doing the right thing according to conventional wisdom‘ (Chomsky foregrounded element: conventional) or the ‘prevailing consensus: (Chomsky foregrounded element: prevailing). It meant ‘what you genuinely believe to be right‘ (Chomsky foregrounded element: genuinely).

Lord Blair of Kut al-Amara wanted to stand ‘shoulder to shoulder‘ with Britain’s oldest ally, which he assumed to be the United States. (It is actually Portugal, but no matter.) ‘I did so out of belief,‘ he told us. Foregrounded element: belief. Am I alone in being repulsed by this? ‘Politics may be the art of the possible (foregrounded element: may) but, at least in life, give the impossible a go.‘ What does this mean? Is Blair adopting sainthood as a means to an end? ‘Hand on heart, I did what I thought was right.‘ Excuse me? Is that Blair’s message to the families of all those dead soldiers - and to the families of all those thousands of dead Iraqis? It has been an ‘honour‘ to ‘serve‘ Britain, this man tells us. What gall.

Yes, I must acknowledge Northern Ireland. If only Blair had kept to this achievement. If only he had accepted that his role was to end 800 years of the Anglo-Irish conflict. But no. He wanted to be our Saviour - and he allowed George Bush to do such things as Oliver Cromwell would find quite normal. Torture. Murder. Rape. My Dad used to call people like Blair a ‘twerp‘ which, I think, meant a pregnant earwig. But Blair is not a twerp. I very much fear he is a vicious little man. And I can only recall Cromwell’s statement to the Rump Parliament in 1653, repeated - with such wisdom - by Leo Amery to Chamberlain in 1940: ‘You have sat too long here for any good you have been doing. Depart, I say, and let us have done with you. In the name of God, go.‘

Virgem verde

NÃO SEI VOCÊS, mas eu achei o single "climático" da Madonna um porre. Faz Melissa Etheridge parecer um Stravinsky.

quinta-feira, maio 17, 2007

M'a tombé le jeton

CAIU A FICHA 1:

Harry pega Ginny Weasley, quase mata Malfoy e descobre, numa charla com a cachaceira da Trelawney, que o seboso do Snape dedou a profecia para Voldemort. Como vocês querem que eu preste atenção em QUALQUER outra coisa?


CAIU A FICHA 2:

Eu mesmo não li, mas dizem por aí que saiu no Diário Oficial da União que o governo baixou um decreto no qual se compromete a reduzir emissões de gases-estufa. E eu estou falando do governo brasileiro.

terça-feira, maio 15, 2007

Capito?

DEU NO ESTADÃO: Lula cobrou créditos de carbono pela redução "de 50%" no desmatamento da Amazônia. Só se esqueceu de dizer que:
1 - O desmatamento reduzido não pode gerar créditos de carbono pelo esquema de Kyoto.
2 - Mesmo que pudesse, o governo dele, Lula, é contra mecanismos de mercado (como créditos de carbono) para esse tipo de redução.

****

NÃO VAI DAR EM LUGAR NENHUM: Na coletiva de hoje, Nosso Guia exaltou "o desenvolvimento tecnológico" como único caminho para aumentar a competitividade das empresas brasileiras em tempos de real forte. Duas frases depois, desbancou o negócio ao dizer que as "importações de bens de capital" vão fazer esse serviço.

Como disse o outro, um pé em cada canoa.

domingo, maio 13, 2007

Transversalidade

O LAUDO do IML, obtido com exclusividade por este blogueiro, não deixa dúvidas.
Cláudio Langone morreu com um bagre atravessado no cu.

sábado, maio 12, 2007

Da incompetência da América Católica

"E AÍ? COMO VOCÊS SE SENTEM com um santo brasileiro?"

E o Rafinha, com seu bom humor peculiar:

"Um santo e nenhum Prêmio Nobel."

quinta-feira, maio 10, 2007

Pirro nuclear


COMEÇA NO ANO DE 2004. Leio em algum lugar na internet um artigo do venerável Ulisses Capozzoli, puta velha do jornalismo científico brasileiro, fazendo uma defesa incondicional da energia nuclear, após a adesão de James Lovelock e do carinha do Greenpeace à causa. Capozzoli conclamava a imprensa e os ambientalistas a "evoluir" em sua posição.
"O Ulisses está gagá", foi minha primeira reação. "Onde ele está com a cabeça?"
Corta para 2006. Estou almoçando no hotel Mercure de Brasília com Tasso Azevedo e Tarcísio Feitosa. Tarcísio acabava de voltar de Washington, onde recebera o Prêmio Goldman por sua militância em favor de unidades de conservação na Amazônia. Ele estava desesperado diante da perspectiva da retomada da usina de Belo Monte, aliás Cararaô, no rio Xingu. A partir daquele momento, eu também me tornei um gagá defensor da energia nuclear.
Qualquer um que olhe para os planos da Eletronorte para a Amazônia, ainda mais em tempos de PAC e bagres atravessados no rabo dos ambientalistas, se converte imediatamente à defesa do átomo. Diferentemente da energia hidrelétrica, a nuclear não emite carbono nem metano, não desfigura a paisagem, não dispara grilagem de terras, não desmata e, o mais importante de tudo, não afeta as douradas.
Os temores em relação a essa tecnologia são quase todos (veja bem: quase) infundados. O mais infundado de todos é o medo da proliferação nuclear. A única nação que realmente constitui uma ameaça atômica ao mundo, por rejeitar tratados de não-proliferação e se dar o direito de aumentar seu número de ogivas, usar o espaço para dispará-las e ainda querer policiar o resto do planeta são os Estados Unidos da América. Esse papo de "rogue states", eixo do mal etc. é conversa para justificar a escalada bélica infindável americana e o monopólio americano do plutônio do mundo.
Você dirá: mas há os acidentes. Chernobyl, Three Mile Island, Biblis (na foto acima). O primeiro, hoje é consenso, não foi culpa da tecnologia nuclear e sim da ditadura soviética. O segundo não fez vítimas justamente porque não aconteceu sob a ditadura soviética. O terceiro não chegou nem a ser um vazamento - e ocorreu no reator mais velho da Alemanha.
Mas... e aquela montanha de lixo? Mais uma desculpa geopolítica barata dos EUA. Paranóicos com o plutônio, os americanos não fazem com seu combustível gasto o que qualquer potência nuclear civilizada (Japão, França, Reino Unido) faz: reciclá-lo. Até 90% do urânio e do plutônio podem ser e são quimicamente recuperados e reutilizados, reduzindo drasticamente o lixo altamente radioativo e, para efeitos práticos, eterno. O problema da reciclagem é que ela produz plutônio puro, do qual os "terroristas" poderiam se apossar (e, claro, enfiar no cu depois, porque não teriam tecnologia para fazer nada com ele).
Passei, assim, a defender (como Lovelock) a energia nuclear como uma opção de transição: uma tecnologia dominada, que poderia substituir grande parte dos combustíveis fósseis (e das hidrelétricas assassinas de bagres) durante um período finito, enquanto os renováveis dos nossos sonhos não fossem competitivos.
Minhas ilusões atômicas foram, no entanto, todas desfeitas na semana passada. O relatório do Grupo 3 do IPCC, divulgado em Bangkok na última sexta, mostra que a energia nuclear tem reservado para si um papel pífio na mitigação do efeito estufa. A projeção é que ela cresça dos atuais 16% da matriz energética mundial para catapriscantes 18% (!!) em 2030. Um crescimento, portanto, de 2 pontos percentuais em 23 anos.
Pretty awesome, uh? Que tal se compararmos com as renováveis dos nossos sonhos? Elas hoje têm 18% da matriz e chegarão a 35% em 2030. (Claro, tem um truque: consideraram hidrelétricas como "renováveis", mas você já captou o espírito da coisa.)
Entre todas as opções de mitigação avaliadas pelo IPCC, a energia nuclear só ganha em potencial de mitigação da CCS (captura de carbono), que um dos cientistas do painel classificou de "ficção científica" no futuro próximo.
Toda a briga dos países nucleares para que essa tecnologia entrasse como alternativa climaticamente correta foi, assim, uma vitória de pirro.
Portanto, o lobby atômico precisa de outra bandeira que não seja a de salvação do clima se quiser salpicar o planeta de reatores.
Ninguém ainda pediu minha opinião, mas eu conheço um bagre lá em Rondônia que ficaria uma gracinha numa propaganda de TV.

sábado, maio 05, 2007

O rei e eu


O DIA PARECIA ter começado perfeito. Fazia sol de manhã em Bangkok pela primeira vez na semana, e o inferno da Unescap havia finalmente acabado. Era dia de conhecer a cidade.
Melhor ainda: queriam que eu ficasse até terça, pra fazer um "sélviço" adicional. Mas a British Airways não trabalha nos sábados. A mim restava passear pelos vastos domínios de Sua Majestade, O Mais Perfeito, Idolatrado, Professor dos Quatro Guarda-Chuvas, Pauzudo e Muito Viril Rei Bhumibol Adulyadej.
O figura acima é o monarca do Sião. Os tailandeses parecem ter alguma coisa com ele. Deve ser mesmu um puta rei, porque a foto do sujeito adorna cada prédio, cada poste, cada repartição pública, templo e sanfona de aeroporto. No kidding.
Neste ano, Sua Majestade completou seu sexagésimo quarto aniversário. De REINADO, mind you. E eu estive por um triz de ter um tète-à-tète com ele, em pleno palácio real, muma tarde escaldante antes da chuva das seis. Me senti a própria Jodie Foster.
Bom, o dia perfeito na verdade tinha seguido mal. Caí numa armadilha de turistas e viajei 100 quilômetros no trânsito infernal de Bangkok (carro aqui custa barato, então todo mundo tem, então TUDO está SEMPRE engarrafado. Coisa de assustar até paulista) para conhecer uma merda de mercado flutuante que... bom, mas isso é outra história.
Meu grande objetivo no dia era conhecer o Grande Palácio, cartão-postal da cidade e o templo budista mais incrível (e, a propósito, o primeiro) que eu já visitei. Ele tem duas stupas de OURO, só pra situar o leitor.
Pois bem: tinha uma muvica no palácio na hora que eu cheguei lá. O taxista malandro que me havia dado o golpe olhou pra mim e disse que estava fechado. Por que a principal atração turística da cidade estaria fechada? "O rei". Claro que duvidei do cara e fui conferir.
A primeira parte da informação era falsa: o templo estava abertíssimo e lotadíssimo. Pessoas desfilavam às centenas com camisetas pólo amarelas, todas iguais. É a cor do rei. Claro.
Entrei (não sem antes alugar uma calça ridícula, já que não deixam entrar no templo de bermuda). Súditos e turistas esperavam sentados, com suas camisinhas amarelas, debaixo de um sol de 35 graus, atrás de cordões de isolamento. Parecia fila pra show do RDB. Sua Majestade caminharia por sobre passarelas montadas especialmente para Ele. Ali, na cara do povão, sem seguranças na porta, sem detetor de metais. "Que ótimo dia para visitar o templo", comentou um australiano, câmera em punho.
Será que o budismo deixa as pessoas pacatas ou sem noção?
O povo se agita. Passa um milico enxotando todo mundo da marquise. "Reo, reo!" Seria a hora?
Decidi não esperar. Tinha calor e sede e ainda precisava comprar pimentas, muitas pimentas.