Ideias antigas

Fósseis, árvores, minorias, filhos e outras coisas fora de moda

Minha foto
Nome:

Apenas uma relíquia do Plioceno...

sexta-feira, novembro 21, 2008

Para a posteridade


RECEBO A FOTO AO LADO de um amigo cuiabano. À direita, Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia. À esquerda, ao menos geograficamente, Blairo Borges Maggi, observado por Ana Júlia Carepa (de terninho verde, veja só).
Meu amigo pergunta: "Qual dos dois será o exterminador do futuro?"

quinta-feira, novembro 20, 2008

O ressuscitador de dinossauros


ULTIMAMENTE EU ANDAVA MEIO PUTO com Michael Crichton. Em 2004, ele lançou um ataque virulento, desonesto e sobretudo chato à ciência da mudança climática com seu livro Estado de Medo, já devidamente detonado neste blógue. Nem o estilo frenético do livro, que mais parece um roteiro de cinema (estranhamente, não apareceu nenhum diretor em Hollywood que tenha tido culhão de rodá-lo até hoje), conseguiu tornar minha leitura agradável. Meu muy amigo Marcelo Leite me mandou dia desses um link para uma desancagem profissional de Estado de Medo feita pelo Pew Center.
Para mim o livro foi sobretudo uma trairagem, já que Crichton foi o mesmo cabra que ressuscitou os dinossauros no maravilhoso Jurassic Park, que resultou no meu filme favorito (meu segundo filme favorito é The Day After Tomorrow). Até hoje, pelo menos uma vês por mês, eu e meu filho de cinco anos nos sentamos para ver, embasbacados, a carnificina patrocinada pelos velocirráptores concebidos por Crichton e plasmados por obra e graça da Silicon Graphics.
Crichton bateu as botas no mês passado, no dia em que Barack Obama foi eleito. Um final melancólico para a era Bush. Fiquei até satisfeito na hora, mas as notícias que se seguiram à da sua morte me deixaram um tanto triste. Crichton, afinal, não viveria para ver sua idéia mais ilustre se realizar: a ressurreição de animais extintos pela biotecnologia.
Primeiro foi o clonador japonês Teruhiko Wakayama, no dia 4, anunciando na revista Nature a primeira clonagem de um roedor congelado - um rato, morto já 16 anos e literalmente largado num freezer, de onde se extraíram núcleos celulares intactos que geraram células-tronco com as quais se produziram embriões e, finalmente, ratinhos.
Mas o grande "wow" viria ontem, com o anúncio, na mesma Nature, de que um grupo liderardo por Stephan Shustr, nos EUA, conseguira seqüenciar o genoma do mamute. A partir dele, será possível, provavelmente em nosso tempo de vida, usar a seqüência de DNA de um elefante como um template para reconstruir geneticamente um embrião de mamute e implantá-lo numa elefanta de aluguel. Vamos ver mamutes lanudos caminhando novamente por aí. O New York Times põe um preço de apenas US$ 10 milhões na clonagem. Há indivíduos (ou pelo menos havia, antes de Wall Street derreter) que pagam o dobro disso para dar uma voltinha de Soyuz.
Schuster disse em entrevista à Folha que é "impossível" realizar essa clonagem 100%, que o que teríamos na verdade seria um elefante "amamutado", porque não há núcleos intactos de mamute por aí. Parece que se trata de uma questão de tamanho. Bem, desconfie quando um cientista diz que algo é "impossível".
O draft do DNA do mamute confirma uma velha tendência em ficção científica, a de antecipar em anos ou décadas avanços reais da ciência. Exemplo atrás de exemplo dessas antevisões foram reunidos num livro sensacional recém-lançado no Brasil: Os Homens do Fim do Mundo, do inglês P. D. Smith. Cruzando a história real do desenvolvimento de armas de destruição em massa, do gás de Fritz Haber à bomba de cobalto do Dr. Fantástico, com a literatura de ficção científica do fim do século 19 em diante, Smith compõe um quadro genial (e assustador) de como a vida imita a arte em seus aspectos mais sombrios.
Michael Crichton se diferenciou de seus colegas e antecessores de gênero literário ao explorar o mito de Prometeu não para destruir a humanidade, mas para maravilhá-la. Pense nele, portanto, quando seus netos lhe pedirem para ir ao zoológico ver sua maior atração, a nova espécie criada pela biotecnologia - o Mammuthus crichtoni.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Quiz

POR QUE o ministro Carlos Minc sempre tem anúncios importantes a fazer no Rio de Janeiro toda sexta e toda segunda?

terça-feira, novembro 18, 2008

Desconstruindo Stephanes

AÍ VAI UMA BREVE análise de discurso do artigo do excelentíssimo senhor ministro da Agricultura publicado no domingo na Folha:

NÃO É preciso derrubar mais árvores na Amazônia para expandir a agropecuária brasileira, mas o mero congelamento da atividade não garantirá a preservação da floresta. Quem conhece a realidade local, bem distante de Brasília, identifica melhor as causas do desmatamento, originadas, principalmente, pela forma como a região foi ocupada, em uma época em que a própria lei estimulava a derrubada da selva.

A menos que o governo militar tenha estimulado o desmatamento nos anos 70 para plantar tulipas ou cocaína, ou para transformar toto o território amazônico numa imensa pista de pouso, e não para ocupar a região "pela pata do boi", o parágrafo não faz o menor sentido. A menos que Stephanes esteja fazendo distinção entre colonos da Transamazônica e sojeiros industriais, entre o zé do boi e o Friboi. Até onde eu sei, não há um limite de acreagem a partir do qual plantar comida ou criar gado passam a ser considerados "agropecuária".

Hoje, carvoarias, madeireiras, assentamentos, produtores rurais e a população que, literalmente, vive da floresta dividem, em vários níveis, a responsabilidade pela redução gradual do bioma. Porém, o Estado brasileiro merece, também, uma parcela de culpa por ter subestimado a importância da Amazônia no passado.

Onde mesmo estava o ministro nesse "passado"? Só pra saber.

O desafio, agora, é dimensionar o nível de responsabilidade de cada agente, adotando alternativas sustentáveis -e viáveis economicamente- que contribuam para o equilíbrio entre o homem e a natureza na região.

Leia-se: a culpa é do Incra. O agribísness não tem nada com isso.

Sob pressão externa, trata-se o desmatamento na Amazônia de forma emocional e nem sempre com base em dados confiáveis, que, por sua vez, acabam justificando medidas inconseqüentes.
Tampouco a estrutura tecnológica disponível é capaz de detectar as ocorrências em tempo real, a fim de reprimi-las.

Esta colocação é especialmente grave, porque aqui Stephanes volta a declarar com todas as letras que o Inpe não presta pra nada. Mente duplamente: um por dizer que o tratamento "emocional" dado ao desmatamento é motivado por pressões externas e não internas (meio como dizer que você entra em pânico não porque sua casa está pegando fogo, mas porque o seu vizinho está reclamando da fumaça); dois por dizer que não há tecnologia para detectar ocorrências em tempo real, ignorando instrumentos mais do que testados e aprovados, como o Deter, do Inpe, e o SAD, do Imazon. Repito aqui Sergio Rezende, ministro que cuida do Inpe: "quando estava caindo, ninguém questionava o dado".

Perdem-se meses discutindo a credibilidade das listas de desmatadores, quando, na verdade, desconhecemos os proprietários das terras. Aliás, a regularização fundiária da Amazônia é tão necessária que deverá merecer a criação de mecanismos próprios de acompanhamento, propostos pelo ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, com aval do presidente da República.

É ótimo isso. Parabéns ao ministro por reconhecer o problema, que tanto beneficiou a seus companheiros até agora.

A legislação ambiental contribui, também, para engessar o debate sobre as melhores alternativas para a região. As leis mudaram, os critérios foram alterados, mas a realidade persiste. Por exemplo, até 2001, o Código Florestal obrigava os produtores a preservar 50% da área, e não 80%, como atualmente. Quem derrubou metade da propriedade passou a ser obrigado a reflorestar. Foi o que aconteceu com os assentamentos incluídos recentemente na lista dos maiores desmatadores da Amazônia.

Por "debate" o ministro quis dizer "abate", acho. Um lamentável erro de digitação.

Vale lembrar que a legislação ambiental contempla o território nacional, mas não considera as diferentes realidades nem as regiões nas quais a agricultura se instalou há décadas. Se as normas forem cumpridas à risca, praticamente a metade das propriedades rurais do Centro-Sul do país, no qual a agropecuária está consolidada, está ou estará fora da lei.

Sim, estão fora da lei. É por isso que Estados desmatados, como São Paulo, onde desde o século 19 não há mais perspectiva de retorno da floresta, discutem compensações ambientais. Na Amazônia e no Centro-Oeste ainda há o que salvar e o que compensar. Stephanes precisa tomar um café com Xico Graziano, que seria o último a defender a preservação das florestas, mas que parece estar realmente debatendo alternativas para compatibilizar agricultura e conservação.

Outra questão é a existência de duas Amazônias constantemente confundidas: a do bioma e a legal. Sobre o bioma amazônico, é simples: abrange a marca da floresta, embora registre outros sub-biomas. A Amazônia Legal é uma ficção geográfica, fruto da busca pelos benefícios fiscais da União por parte dos Estados vizinhos à floresta. Alguns destes com parte predominante dos territórios fora do bioma amazônico, sobretudo no Centro-Oeste, onde estão os biomas de cerrado, pantanal ou caatinga. Mesmo assim, a lei ambiental equiparou áreas desses biomas às da floresta amazônica, impondo-lhes, em grande parte, as mesmas restrições.

É uma enormidade isso o que o ministro diz, algo que só posso atribuir a má-fé. O mapa do IBGE a partir do qual se aplica o Código Florestal é o do bioma Amazônia, não da Amazônia Legal. Isso foi inclusive explicitado, a pedido de Stephanes, no decreto que condiciona o crédito na Amazônia ao cumprimento da lei ambiental - um decreto, aliás, que só poderia acontecer no Brasil. Diz mais ou menos assim: "Olha, Paranthropus, se você não deu cheque sem fundo e não está com nome sujo na praça, a gente te empresta dinheiro."

No que se refere ao agronegócio, repito, o Brasil tem alternativas para a expansão. Há estudos técnicos apontando para o uso preferencial de áreas agricultáveis, atualmente ocupadas por pastagens e que se encontram em vários níveis de degradação. E isso deve acontecer fora do bioma amazônico. Basta lembrar que a pecuária utiliza 200 milhões de hectares em todo o país para um rebanho estimado de 180 milhões de cabeças de gado.

Demorô! Por que então o seu ministério não fez o que lhe cabia no Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento, que era arrumar maneiras viáveis de ocupar essas terras degradadas? Por que gastou todo o dinheiro que recebeu para isso no combate à mosca da banana e à febre aftosa? Essas são ações "ambientais"?

Ninguém em sã consciência discorda que essa distribuição pode ser refeita e até incentivada pelo governo federal. Além do apoio à atividade econômica, a utilização correta das áreas degradadas evita a erosão e a desertificação, que levam ao assoreamento dos rios e ao empobrecimento do solo, respectivamente.

Favor consultar Roberto Rodrigues, que aparentemente esqueceu de lhe comunicar na transição que esta já é uma atribuição do MAPA.

A questão, porém, é que há áreas degradadas na região amazônica que poderiam ser recuperadas com culturas perenes, como o dendê e outras espécies nativas,

Ahá! Disse finalmente a que veio.

que, além de seqüestrarem carbono da atmosfera,

Pediria ao ministro que mostrasse os estudos apontando o seqüestro pelo dendê. E mostrando que ele é superior ao que é emitido por desmatamento.

recuperam o solo e geram empregos em quantidade suficiente para absorver os que por falta de opção sobrevivem consumindo a riqueza da floresta.

Quem consome a riqueza da floresta "por falta de opção" tem linhas de crédito no Banco do Brasil e sempre que falta dinheiro consegue mais, ameaçando parar as exportações, "estouro so subprime agrícola" etc.

Compreende-se que a defesa da Amazônia exija uma posição protecionista mais rígida. Isso não pode impedir, porém, que ignoremos áreas agrícolas consolidadas há gerações, sem encontrar formas de flexibilização do uso do solo. Ambas as posições são necessárias para alcançarmos o desenvolvimento sustentável que a Amazônia e sua gente merecem.
REINHOLD STEPHANES , 69, economista, deputado federal licenciado (PMDB-PR), é o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

E um grandissíssimo filho da puta.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Invasão de privacidade

Uma equipe da BBC flagrou pela primeira vez um tubarão-baleia escorregando um moreno.

Cadê esse povinho dos direitos dos animais pra protestar agora?

sexta-feira, novembro 14, 2008

Quiz


VOCÊ não faria a Sarah Palin?

segunda-feira, novembro 10, 2008

A aposentadoria de Dawkins e os genocidas de Bali

O blog Idéias Cretinas tem um post fascinante sobre a aposentadoria do maior de meus heróis vivos, o ateu militante e biólogo evolucionista (nas horas vagas) britânico Richard Dawkins.

Coincidentemente, também hoje li por aí uma nota de alguma agência internacional de notícias dizendo que os advogados dos três terroristas executados no finde na Indonésia por bombardearem uma boate em Bali em 2002, matando 202 pessoas, processarão o governo indonésio pelas execuções - que eles consideraram resultado de uma série de "erros processuais".

Vou repetir: três genocidas mataram 202 pessoas na simpática praia de Kuta. Seu único arrependimento declarado foi o fato de que alguns muçulmanos morreram também no atentado. Depois de seis anos de processo, eles foram julgados e fuzilados anteontem. E agora seus advogados querem processar o governo que os executou.

É contra esse mundo que Dawkins ergue a sua voz. Chamá-lo de intolerante, como muita gente "esquerdinha" gosta de fazer, é um tributoà memória dos terroristas de Bali.

quarta-feira, novembro 05, 2008

O discurso de Obama, anotado

"If there is anyone out there who still doubts that America is a place where all things are possible; who still wonders if the dream of our founders is alive in our time; who still questions the power of our democracy, tonight is your answer."

Eu sô negão e agora mando noceis. Chupa, Ku Klux Klan.

"It's the answer told by lines that stretched around schools and churches in numbers this nation has never seen; by people who waited three hours and four hours, many for the very first time in their lives, because they believed that this time must be different; that their voice could be that difference."

Os americanos perceberam que o país chegou ao fundo do poço.

"It's the answer spoken by young and old, rich and poor, Democrat and Republican, black, white, Latino, Asian, Native American, gay, straight, disabled and not disabled -- Americans who sent a message to the world that we have never been a collection of Red States and Blue States: we are, and always will be, the United States of America."

Neocons, tremei. Meu governo será multicolorido. Vem aí o casamento gay. Chupa, Bush.


"It's the answer that led those who have been told for so long by so many to be cynical, and fearful, and doubtful of what we can achieve to put their hands on the arc of history and bend it once more toward the hope of a better day."

Acabou a palhaçada de subir o alerta antiterrorismo todo feriado, moçada.

"It's been a long time coming, but tonight, because of what we did on this day, in this election, at this defining moment, change has come to America."

Eu sô negão e tô bem na fita.

"I just received a very gracious call from Senator McCain. He fought long and hard in this campaign, and he's fought even longer and harder for the country he loves. He has endured sacrifices for America that most of us cannot begin to imagine, and we are better off for the service rendered by this brave and selfless leader. I congratulate him and Governor Palin for all they have achieved, and I look forward to working with them to renew this nation's promise in the months ahead."

Vai pro asilo, velho babão. E leva a putinha das neves pra te dar papinha.

"I want to thank my partner in this journey, a man who campaigned from his heart and spoke for the men and women he grew up with on the streets of Scranton and rode with on that train home to Delaware, the Vice President-elect of the United States, Joe Biden."

Obrigado, Joe, chagamos lá, mas agora vê se cala essa boca um pouquinho.

"I would not be standing here tonight without the unyielding support of my best friend for the last sixteen years, the rock of our family and the love of my life, our nation's next First Lady, Michelle Obama. Sasha and Malia, I love you both so much, and you have earned the new puppy that's coming with us to the White House. And while she's no longer with us, I know my grandmother is watching, along with the family that made me who I am. I miss them tonight, and know that my debt to them is beyond measure."

Dia 20 de janeiro tem churrasco na laje. Põe a Brahma pra gelar e água na feijoada.

"To my campaign manager David Plouffe, my chief strategist David Axelrod, and the best campaign team ever assembled in the history of politics -- you made this happen, and I am forever grateful for what you've sacrificed to get it done."

Agora vocês dão um jeito nos doadores, tá? Não quero neguinho fazendo fila pra cobrar favor.

"I know you didn't do this just to win an election and I know you didn't do it for me. You did it because you understand the enormity of the task that lies ahead. For even as we celebrate tonight, we know the challenges that tomorrow will bring are the greatest of our lifetime -- two wars, a planet in peril, the worst financial crisis in a century."

Olha o tamanho da merda que esses branquelos idiotas fizeram e que a gente vai ter que consertar.

"Even as we stand here tonight, we know there are brave Americans waking up in the deserts of Iraq and the mountains of Afghanistan to risk their lives for us."

Eu é que não vou mexer nessa cumbuca agora.

"There are mothers and fathers who will lie awake after their children fall asleep and wonder how they'll make the mortgage, or pay their doctor's bills, or save enough for college. There is new energy to harness and new jobs to be created; new schools to build and threats to meet and alliances to repair."

Todo o mundo odeia a gente.

"The road ahead will be long. Our climb will be steep. We may not get there in one year or even one term, but America -- I have never been more hopeful than I am tonight that we will get there. I promise you -- we as a people will get there."

Vote Obama 2012.

"To those who would tear this world down -- we will defeat you. To those who seek peace and security -- we support you."

A Guerra ao Terror continua.

"For that is the true genius of America -- that America can change."

Chuopa, Bush.

O fim da era Bush

MORREU ontem Michael Crichton, escritor de ficção científica, renomado cético do clima e consultor do governo americano sobre mudança climática global.

Crichton nasceu em Chicago, mesma cidade onde Barack Obama fez nesta madrugada seu discurso de vitória mencionando o desafio "de um planeta em perigo".

Os sites de notícias falam que a causa da morte foi câncer. Eu tenho certeza de que foi desgosto.

domingo, novembro 02, 2008

Veredicto


"And good-bye to all of our daydreams!"
(Robert Falcon Scott, 18/01/1912)