Ideias antigas

Fósseis, árvores, minorias, filhos e outras coisas fora de moda

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Apenas uma relíquia do Plioceno...

terça-feira, maio 27, 2008

Whose forest is this anyway?

SOBRE AMAZÔNIA E estrangeiros, tenho a declarar o seguinte:

1 - A Amazônia Legal é nossa. É patrimônio dos brasileiros. Assim como Paris é patrimônio dos franceses, ou Nova York é patrimônio dos americanos. Só que não me consta que a França e os EUA estejam destruindo a Torre Eiffel ou a Estátua da Liberdade para vender o metal delas no mercado de commodities.

2 - Se o governo teme tanto assim a ingerência estrangeira na região, por que botou um ianque para tomar conta do Plano Amazônia Sustentável? (Aliás, hoje mesmo ele já declarou que nossa generosidade com os índios é "excessiva".)

3 - O Jew York Times declarou que o Brasil não tem capacidade para gerenciar a Amazônia. Todo mundo aqui ficou puto. Mas é mentira?

4 - Blairo Maggi reverteu ao estado selvagem, como dizem os geneticistas, e voltou a defender abertamente o desmatamento. Eu prefiro entregar pros gringos do que deixar na mão dele.

5 - Os generais estão dizendo a torto e a direito que a faixa de fronteira deve ser ocupada por "brasileiros" e não por "índios". Estou me esforçando para captar a diferença, até agora sem sucesso.

6 - Torna-se urgente a emancipação da República do Pampa como medida prioritária contra o desmatamento. Uma vez dificultado aos gaúchos o acesso à terra na Amazônia, a floresta estará salva.

quarta-feira, maio 21, 2008

Tuíra ataca outra vez (e acerta)


19 ANOS DEPOIS de ter passado o terçado na cara do presisdente da Eletronorte, Tuíra Kayapó, prima de Paulinho Paiakan, atacou outra vez. Só que desta vez ela (ou alguém de sua tribo) acertou e tirou um filé do braço de um engenheiro da Eletronorte.
Nem vou debater o absurdo de deixarem 600 índios armados entrarem num ginásio de esportes, nem se houve ou não houve provocação por parte do engenheiro ou incitação à violência por parte do MAB ao falar em "guerra".
Só que os caiapós agiram como o menino de 9 anos daquela piada horrível do Costinha, acusado de abusar de uma menina de 8. A mãe abaixa as calças e começa a balançar o bilau do menino: "Olha aqui, seu juiz, 9 anos! O sr. acha que ele seria capaz de uma coisa dessas?" Ao que o menino responde: "Larga isso aí senão a gente vai perder a questão".
Os índios deram uma terçadada não no braço do engenheiro, mas no próprio pé.
Hoje o Jornal Nacional já deu o tom da reação do setor antiíndio da sociedade. A edição da matéria vinha com um off assim: "[Os índios e ambientalistas] dizem que o Xingu tem pouca água e que a hidrelétrica ficaria sem funcionar" - a imagem é fechada justamente na água do rio, e quase não dá pra ver a outra margem.
Vamos ver como O Globo, que tem defendido a grilagem de terras, vai vir no editorial de amanhã.

sexta-feira, maio 16, 2008

Do PAC ao Permiano, sem escalas

SABE quando você entra em um túnel?

quarta-feira, maio 14, 2008

Saúde ocupacional


A COMISSÃO para a Prevenção de Acidentes de Trabalho recomenda cautela com o amor desmesurado pelas árvores.
Você nunca sabe quando poderá acordar com uma mangabeira enfiada no rabo.

terça-feira, maio 13, 2008

Breaking news!!

MANGABAYRA UNGER FRIES MARINA SILVA.

segunda-feira, maio 12, 2008

Tempestade perfeita

O QUE VOCÊ FARIA se um ciclone devastasse parte do seu país, matasse 100 mil pessoas e deixasse milhões de desabrigados?

Se você for a junta militar da Birmânia, a resposta é simples: negar vistos de entrada no país a organizações humanitárias. Aquelas, que trazem comida, remédios e médicos.

Não é maravilhoso o mundo das ditaduras?

Alguém precisa avisar esses malucos que em breve eles não terão mais um país para parasitar.

domingo, maio 11, 2008

O Ibama persegue Quartiero

O ARROZEIRO-MOR de Raposa/Serra do Sol, Paulo César Quartiero, pode reclamar com razão de que foi vítima de uma armação do governo federal via Ibama. Afinal, o órgão federal do Meio Ambiente esperou o prefeito ser preso para concluir que Quartiero degradou o meio ambiente em suas fazendas dentro de área indígena e tascar-lhe uma multa de 30 milhões - sem precedentes na história de Roraima, aliás. Deve ser maior que o PIB agrícola do Estado.

Até minha vozinha sabe que Quartiero é um grileiro de terra e desmatador, com propensões genocidas. A degradação em suas fazendas data pelo menos do meio para o fim dos anos 90, quando ele grilou terra indígena e expandiu seus negócios, sob a proteção de Ottomares, Anchietas e Jucás da vida. Aplicar essa multa só agora é oportunismo político de Lula, Capobianco, Marina Silva e sua trupe, para disfarçar a inoperância do setor ambiental do governo.

Se o Ibama tivesse agido quando deveria, talvez não houvesse nove índios feridos a bala pelos jagunços do coroné Quartiero. Marina Silva é cúmplice desse crime.

Terra à vista!

APENAS DUAS semanas depois de descobrir que violência no campo e desmatamento andam de mãos dadas na Amazônia, a Folha parece também ter se dado conta de que há dezenas de pessoas ameaçadas de morte na região. Uau.

Vamos ver se toda essa atenção ao Norte Grande dura até o próximo dossiê.

quarta-feira, maio 07, 2008

A Bíblia do casal Dawkins


UM AMIGO médico nos presenteou com um sensacional coffee-table book chamado "Evolution", que explica a evolução dos vertebrados com base em esqueletos do Museu de História Natural de Paris, fotografados em poses que fariam o calendário da Pirelli parecer brincadeira de criança. Como temos um excesso de "books" e nenhuma "coffee table" em casa, o dito foi parar na estante. Do lado da Bíblia (presente da sogra).
"Você fez isso de sacanagem?", ela perguntou.
"Não. Isso aqui é pra mostrar para todo mundo o quão democráticos e pluralistas nós somos nesta casa. Visões diferentes de mundo podem coexistir na nossa estante."
"Ah, é?" Ela me mandou olhar em volta. A contagem na estante foi mais ou menos 50 livros de evolução contra uma Bíblia Sagrada. Só a palavra "evolução" aparece em pelo menos meia dúzia de títulos. "Deus" aparece duas - e uma delas numa menção não muito honrosa, no livro mais recente de Richard Dawkins.
"Ops."
Pois para provar que eu não tenho preconceitos, comecei ontem mesmo a ler a Bíblia Sagrada. De cabo a rabo. Já devo ter amarga..., digo, devorado uns dez a quinze capítulos do Gênesis. Já passei pelo primeiro caso de opressão às mulheres (Adão precisava de um "ajudante", e como deus não encontrou nenhum entre os animais, fez a mulher) por uma família incestuosa (Caim e Set foram, assim, uns Joseph Frizzls primordiais), um patriarca bêbado e pelado (Noé) que manda escravizar o próprio neto e um erro de aritmética (primeiro Deus manda Noé pôr um casal de cada bicho na arca; depois, manda pôr sete pares dos animais "limpos" e dois pares dos animais "imundos" - os "imundos", it turns out, acabaram ganhando a parada depois, já que os insetos têm uma biomassa maior que a dos mamíferos).
Mas o que me chocou mais foi descobrir que o fundador das três grandes religiões monoteístas do mundo era corno.
Isso mesmo: Abraão, aquele em cujo nome o pau quebra em Jerusalém até hoje, era um corno manso.
Reza a len.., digo a Bíblia, que Abraão e sua senhora, a bela dona Sarah, fugiram para o Egito devido a uma grande fome que rolou em Israel. Dona Sarah, que deveria ser uma espécie de Nathalie Portman primordial, certamente despertaria a luxúria dos egípcios, que matariam Abraão e raptariam a moça para dá-la de presente ao faraó.
Abraão, com medo, bola um plano infalível: "Ora, pois, Sarah, vamos fazeire o seguinte: tu falas que é minha irmã!" Brilhante, não?
É claro que eles chegam ao Egito e os egípcios, taradões, raptam dona Sarah de qualquer forma e entregam a bela jovem à luxúria do faraó. Abraão fica vivo, só para ver que o monarca estava comendo sua linda esposa.
Então Deus fica puto e manda uma meia-dúzia de pragas para o faraó. Este, depois de torar a moça à vontade, afinal se entedia e, aborrecido com as pragas, manda devolvê-la a Abraão. "Por que você não me disse que ela era sua mulher? Pode pegar esse traste de volta, seu corno", teria dito o faraó a Abraão (numa tradução livre).
Isso é que é patriarca, heim?

terça-feira, maio 06, 2008

O Globo faz apologia da grilagem

NÃO DEVERIA MERECER contestação o inacreditável editorial "Gerando conflitos", publicado hoje pelo jornal O Globo. Mas é tamanha a virulência com que a imprensa brasileira defende a usurpação de terras públicas na Amazônia que eu não resisto a rebatê-lo ponto a ponto.

A primeira coluna do editorial é até uma diatribe perdoável (e essencialmente correta) contra a omissão do Estado e o caos da política indigenista, excessivamente dependente de ONGs (não gosto da sigla, porque remete a Greenpeace e à "Máfia Verde"; o certo seria falar em "fundações"). Mas o que se segue é uma apologia ao genocídio, um discurso pré-Constituição de 88, em nome da "modernidade".

Senão vejamos:

"Não fosse a trégua estabelecida pelo Supremo, 50% do território de Roraima passariam a constituir-se de 'nações indígenas' (...) Por trás dessa realidade está o pensamento dos que querem estabelecer 'compensações' aos indígenas por tudo o que aconteceu no passado (...)"

BOM, tecnicamente são 43% do território e não 50%. De qualquer forma, o que sobra para menos de 200 mil roraimenses "não-índios" é uma área maior que a de Alagoas e Sergipe. Isso não basta?

"Isso não tem relações com o Brasil moderno e nem com a primeira abordagem política dessa questão - a do Marechal Rondon (...) ele mesmo de sangue indígena"

O EDITORIALISTA (que provavelmente tenha ele mesmo "sangue indígena", se por isso quiser dizer DNA mitocondrial indígena) precisa antes de tudo decidir o que quer: se falar do Brasil moderno ou do Brasil de 1910, da política positivista e assimilacionista herdada do século 19. Se estiver falando do Brasil moderno, podemos estabelecer como um marco arbitrário a Constituição de 88, que nos devolveu a democracia e estabeleceu o direito à diferença e à preservação das culturas indígenas. Erra, portanto, em sua avaliação.

Se estiver falando de Rondon, erra também. O marechal deve estar se revirando no túmulo ao ver quantas vezes seu santo nome foi indebitamente apropriado nas últimas semanas pelos que querem ver os índios massacrados ou servindo de mão-de-obra barata em fazendas de gente "bacana" e "progressista". Rondon era herdeiro de uma tradição intelectual segundo a qual era preciso dividir com os índios as benesses da civilização. Por amor a eles, não por imperativo civilizatório. O que a imprensa tem convenientemente omitido foi a posição dos herdeiros imediatos de Rondon, os irmãos Villas-Bôas, para os quais a única maneira de ganhar tempo para os índios seria demarcar terras grandes e contínuas e dar-lhes a opção de compartilhar ou não essas benesses do mundo "civilizado".

quinta-feira, maio 01, 2008

Finalmente um país sério


LEIO NOS JORNAIS que o Brasil foi promovido a "grau de investimento", uma palavra que Lula confessadamente não sabe pronunciar, mas que, em resumo, sinaliza que nós agora somos "um país sério".
Lula só se esquecer de dizer que o Cazaquistão ("Greatest country in the world! Number One exporter of Potassium!") já tem "investment grade" há muito tempo, muito antes da gente.
Como diria Borat Sagdiyev, "High five!!"