Ideias antigas

Fósseis, árvores, minorias, filhos e outras coisas fora de moda

Minha foto
Nome:

Apenas uma relíquia do Plioceno...

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Sacco vai a Bagdá

O quadrinista-repórter americano Joe Sacco acaba de publicar no The Guardian um relato arrepiante do que seus conterrâneos andam aprontando no Iraque. O download é gratuito. Mas prepare o estômago.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Aconteceu no Oeste

- Professor, isso aqui neste folhelho é um peixe fóssil?
- Não, meu caro, é uma marca de barro do seu tênis.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Recadinho dos ancestrais

SE ENTENDESSEM um pouco da arqueologia de seu próprio país, o presidente sainte do Chile, Ricardo Lagos, e sua substituta, Michelle Bachelet, veriam como um péssimo presságio a cerimônia indígena de posse de Evo Morales em Tiwanaku. O aimará presidente estava portando um poncho vermelho e um gorro de quatro pontas, e foi empossado no antigo centro cerimonial que era sede religiosa de um dos impérios mais poderosos do continente.

O gorro de quatro pontas era um símbolo de status entre os tiwanacotas. O registro arqueológico da região do Atacama chileno (Norte Grande), do rio Loma a Arica, é pródigo nesses chapeuzinhos gozados. Eles são testemunho da época em que toda aquela região era dominada pelos aimarás que desciam o morro da Bolívia e ocupavam a Pampa do Tamarugal, o litoral de Iquique e Arica e todas as quebradas atacamenhas. Talvez Morales não tenha feito de propósito, mas seu barrete é quase uma declaração de direito de posse da faixa litorânea do Atacama, usurpada à Bolívia pelos chilenos no século 19.

Te cuida, Bachelet.

domingo, janeiro 22, 2006

Titã

NO MAIS MINEIRO dos estilos, o paleontólogo Reinaldo José Bertini acaba de coroar sua carreira batizando o terceiro (ou quarto) saurópode descrito no Brasil, Adamantisaurus mezzalirai. Garante, assim, finalmente, um lugar na história taxonômica do grupo de vertebrados ao qual se dedica há mais de duas décadas.

Já passava da hora. Bertini é um dos principais paleontólogos do Brasil, ainda assim insiste em manter um relativo isolamento em seu Bunker de Rio Claro e um perfil baixo quase obsessivamente zen-budista. Se quisesse, poderia ter fama, glória e grants de pesquisa, como vários de seus colegas menos talentosos têm. Mas sempre se recusou a fazer o jogo dos "coletores" de material que andam pelas rochas do Cretáceo mineiro-paulista. Sempre se recusou a comprar fósseis. E sempre se dedicou também obsessivamente a seus alunos. Sem chiar. Criou Max Langer, hoje talvez o maior especialista em dinossauros basais do mundo, com quem brigaria depois. Criou Rodrigo Santucci, primeiro autor do paper do Adamantisaurus, a quem imprimiu um pouco de seu estilo discreto. Treinou um bocado de gente no interior a coletar fósseis, para ser apunhalado depois por esses mesmos caras, que passaram a mandar material para o Museu Nacional e outras instituições "rivais".

O paper que ele assina com Santucci na edição deste mês da Palaeontology descrevendo o novo titanossauro é o primeiro de muitos. Esse titã merece.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

You tell me

Marriage builds wealth more than being single-study
By Joanne MorrisonWASHINGTON, Jan 19 (Reuters) - Staying married has its benefits, especially financial, as a new U.S.-wide study shows the wealth of a married person is almost double that of somebody who is single.

Divorce among U.S. baby boomers reduced personal wealth by about 77 percent compared to that of a single person, while the financial standing among those who remained married almost doubled, according to a nationwide study released this week.‘If you really want to increase your wealth, get married and stay married. On the other hand, divorce can devastate your wealth,‘ said Jay Zagorsky, author of the study and a research scientist at Ohio Sate University’s Center for Human Resource Research.

Married people will see an increase in wealth that is more than just adding the assets of two single people, according to the study that was published in the Journal of Sociology.

Those who remained together saw a 93 percent gain in wealth compared to that of a single person, while individuals facing divorce saw their financial situation deteriorate long before the decree became final, according to Zagorsky.The study used data from surveys taken over a 15-year period involving 9,055 Americans who were between 21 and 28 years old in 1985.

Those respondents who remained single had a steady, but slow growth in wealth, from less than $2,000 at the start of the surveys up to an average of about $11,000 after 15 years.However, those who married and stayed that way showed a sharp increase in wealth accumulation after marriage, growing to an average $43,000 by the 10th year of marriage or by about 16 percent a year.For people who married and then divorced, there was a slow build-up of wealth during the early years of marriage and then a steady decline about four years prior to divorce.

‘Many of these people may have separated before the divorce became official, which would help explain why wealth starts falling so early,‘ Zagorsky said. ‘Divorce is often a long and messy process, and you can see this in the four-year decline in wealth. ‘The study also cast doubt on a common assumption that divorce is much harder financially on women than on men. In fact, it showed that women suffered financially only slightly more than men.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Madrinha de astro

IMPERDÍVEL: por ocasião do lançamento da sonda New Horizons, os RPs da Nasa fizeram uma entrevista genial com Venetia Phair, a inglesinha de 11 anos que batizou o planeta Plutão. Hoje aos 76, Venetia foi acompanhar o lançamento da sonda na Flórida.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Clonicamente inviável

E AGORA ainda sou obrigado a ver o Panos Zavos tacando pedra no Hwang. Cara-de-pau não tem limites mesmo.

Está tudo aqui, neste quadro

DEPOIS DE 13 ANOS morando em São Paulo, tive ontem a honra dúbia de conhecer o glorioso Museu do Ipiranga, a construção mastodôntica do século 19 feita para marcar o local onde D. Pedro I blablá, blablá.
O museu é realmente impressionante, não pelo acervo, que é um lixo, nem pela organização, que inexiste, mas pelo que revela sobre o passado e o futuro desta piada de mau gosto chamada Estado brasileiro. Em especial no imenso painel O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo.
Quando eu conto aos meus amigos estrangeiros que a independência do Brasil foi proclamada pelo filho do rei da metrópole, eles dão risada. Fico imaginando o que diriam ao ver a tela de Pedro Américo. Uma olhada na pintura basta para entender totalmente o Brasil, e concluir que este é um país absolutamente inviável.
No centro da pintura, as elites confabulam a divisão hereditária do poder e dos lucros. Troque Pedro I por ACM Neto ou Rodrigo Maia, e a comitiva pelo cacicado do pefelê. A única diferença é que o Ipiranga hoje está canalizado, anóxico e corre debaixo do asfalto. À esquerda, descalço e completamente alheio à repartição do país, o miserável rural segue na exploração insustentável de recursos naturais. O que ele carrega na carroça, olhe que atual, é madeira em toras. Finalmente, o barraco de taipa à direita completa a miséria que cerca nossas elites como uma alegoria das favelas brasileiras. Há uma controvérsia sobre a taxonomia das enormes aves escuras que desaparecem no céu, no canto superior direito. Pedro Américo provavelmente quis pintar as águias da liberdade. Um ornitólogo amigo meu jura que são urubus.

Só faltou mesmo um pretinho fazendo uns malabares em frente ao cavalo de D. Pedro.

PS: o museu foi construído com dinheiro arrecadado do público através de uma LOTERIA. A choldra pagou duas vezes aos cleptocratas imperiais.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Ich bin ein Berliner

HÁ ALGO MUITO MUDADO no mundo quando a Alemanha passa a defender os israelenses e a dar lição de moral nos EUA sobre direitos humanos.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

.

12 January 2006, 6:00 pm U.S. ET:

Science has unconditionally retracted two published papers, W.-S. Hwang et al., Science 303, 1669 (2004) and W.-S. Hwang et al., Science 308, 1777 (2005), on the basis of the final report from the Investigation Committee of Seoul National University (SNU). Science has posted the editorial retraction to the Science Express website ( http://www.scienceexpress.org ). An excerpt may be found below:

"Because the final report of the SNU investigation indicated that a significant amount of the data presented in both papers is fabricated, the editors of Science feel that an immediate and unconditional retraction of both papers is needed. We therefore retract these two papers and advise the scientific community that the results reported in them are deemed to be invalid."

This statement has been added to the chronology of events that is available at the following locations:* http://www.eurekalert.org/jrnls/sci/index.php * http://www.eurekalert.org/pub_releases/science/2005-12/science_statement.pdf * http://www.sciencemag.org/sciext/hwang2005/

terça-feira, janeiro 10, 2006

Made in Bom Retiro

E NÃO É QUE o china da Coréia falsificou TUDO que era clone humano?

Extra! Extra! Folha descobre soja sustentável!

A FOLHA DE S.PAULO finalmente achou hoje o que o mundo todo vem buscando desde o Relatório Brundtland: desenvolvimento sustentável. Ao noticiar a expansão da área de soja em Rondônia, o glorioso jornal paulistano declara que a expansão "não ameaça a floresta". Quais foram as fontes? Ora, não seja ridículo: PRODUTORES DE SOJA, é claro. Segundo os quais a área de expansão, em Vilhena, é de "cerrado, com características semelhantes às de Mato Grosso". Rapaz, eu tenho parentes em Rondônia e conheço razoavelmente bem aquele cu-de-mundo. E posso dizer: tem argum pau alto naquele cerrado lá, viu?
E mesmo que fosse cerrado. "Floresta" não pode derrubar e "cerrado" pode?

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Loucuuura!

"MELANCIA GANHA novas cores e funções", é o título de uma matéria no site do jornal O Globo. Não quero nem imaginar que funções são essas.

Nem tão perdida

UM DOS SINTOMAS da velhice é se sentir realmente tocado pela produção cultural de duas décadas atrás. Ainda mais quando a década em questão são os famigerados anos 80, que antes dos 30 eu não teria problemas em considerar de fato perdida (com raríssimas exceções). Mas veja essa pérola de um Manu Chao adolescente e, como eu, reconsidere. O título é "Pas Assez de Toi", o que diz tudo, pra quem captar o jeu de mots.


J'ai comme envie de tourner le gaz
Comme envie de m'faire sauter les plombs
Comme envie de t'expliquer comme ça
Que ton indifférence, elle ne me touche pas
Je peux très bien me passer de toi

Comme envie de sang sur les murs
Comme envie d'accident de voiture
Comme envie d'expliquer comme ça
Que ton indifférence, elle ne me touche pas
Je peux très bien me passer de toi

J'ai comme envie d'n'importe quoi
Comme envie de crever ton chat
Comme envie de tout casser chez toi
Comme envie d'expliquer comme ça
Je peux très bien me passer de toi

J'ai comme enfie d'une fin torride
Comme on en veut qu'on cinéma
J'ai comme envie qu'ce soit terrible
Et qu'ça se passe juste en bas de chez toi
je peux très bien me passer de toi

domingo, janeiro 08, 2006

Miqueimouse

FORT SUMNER, New Mexico (AP) _ A mouse got its revenge against a homeowner who tried to dispose of it in a pile of burning leaves. The blazing creature ran back into the man’s house, catching it on fire.

Luciano Mares, 81, of Fort Sumner said he caught the mouse inside his house and wanted to get rid of it.‘I had some leaves burning outside, so I threw it in the fire, and the mouse was on fire and ran back at the house,‘ Mares said from a motel room Saturday.

Village Fire Chief Juan Chavez said the burning mouse ran just beneath a window of the house. The flames spread up the window and throughout the house. All contents of the home were destroyed, he said. No injuries were reported.

Unseasonably dry and windy conditions have charred more than 53,000 acres (21,200 hectares) and destroyed 10 homes in southeastern New Mexico in recent weeks.‘I’ve seen numerous house fires,‘ village Fire Department Capt. Jim Lyssy said, ‘but nothing as unique as this one.‘

Yessss, Precioussss!

O ESTADO DE SAÚDE de José Leite Lopes é estável, informou o Samaritano do Rio. Vida longa e próspera a ele.

Sunday, cranky Sunday

DEPOIS DE UM MÊS de edema e duas semanas de febre, a pequena pareceu ter estabilizado. Ao menos era o que eu achava: de ontem para hoje começou a ter umas erupções esquisitas na pele. Tipo EM TODA a pele. Toca pro Samaritano de novo, onde as enfermeiras já me chamam pelo nome.

*

Não bastasse isso, 33% da minha equipe está doente. Um doce se você adivinhar QUEM veio cobrir o plantão do figura. E eu mesmo não estou me sentindo lá muito bem...

*

E, pra completar a trilha sonora da semana, ainda tive que ouvir no supermercado a caminho do trabalho o Mick Jagger cantando: "Angie, ain't it good to be alive?"

*

Só podem estar brincando comigo.

sábado, janeiro 07, 2006

Procon

NA VERDADE, esse 2006 está com cara, cheiro e gosto de 2004. Vou mandar devolver.

Programaço

ALGUÉM PODE ME EXPLICAR por que eu estou trabalhando num sábado à noite? E por que meu sobrenome não é Diniz, Garnero ou Mendonça de Barros?

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Interdição provisória

NÃO MINHA, PELO MENOS AINDA, mas da área em volta da BR-319, foi o que estabeleceu Lula Gump nesta semana. Eu jamais vou entender pra que serve uma porra dessas; você vai through great pains numa negociação política para conseguir um decreto que diz: "É proibido grilar áreas públicas e cometer crimes ambientais neste local. Se você já grilou e já tem um boizinho aí, fica sussa que a gente não vai mexer contigo".

Músicas irritantes que ficam na cabeça

ALGUM PSICÓLOGO certamente deve ter explicado o terrível fenômeno do "essa música não sai da minha cabeça". Sabe, quando você se pega cantarolando alguma coisa e a tal música continua vindo o tempo todo, independentemente dos seus esforços para se livrar do pensamento irritante?
Poizé. Ao cometer o terrível engano de ler a Ilustrada hoje, uma música grudou na minha cabeça. E o pior: é Belle & Sebastian (aaaaaahhhhh!). Das mais depressivas. Sente o drama:


Ooh! get me away from here I’m dying
Play me a song to set me free
Nobody writes them like they used to
So it may as well be me
Here on my own now after hours
Here on my own now on a bus
Think of it this way
You could either be successful or be us
With our winning smiles, and us
With our catchy tunes and words
Now we’re photogenic
You know, we don’t stand a chance
Oh, I’ll settle down with some old story
About a boy who’s just like me
Thought there was love in everything and everyone
You’re so naive!
They always reach a sorry ending
They always get it in the end
Still it was worth it as I turned the pages solemnly, and then
With a winning smile, the poor boy
With naivety succeeds
At the final moment, I cried
I always cry at endings
Oh, that wasn’t what I meant to say at all
From where I’m sitting, rain
Falling against the lonely tenement
Has set my mind to wander
Into the windows of my lovers
They never know unless I write
This is no declaration, I just thought I’d let you know goodbye
Said the hero in the story
It is mightier than swords
I could kill you sure
But I could only make you cry with these words

(pelo menos não é Ivete Sangallo...)

Forçou a amizade

MEU HERÓI Washington Novaes, em seu afã (justíssimo) de impedir a realização dessa obra cara, inútil e corrupta que é a transposição do São Francisco, deu uma megavacilada em sua coluna de hoje no Estadão. Usou UM ÚNICO modelo climático do Hadley Centre, na Inglaterra, para dizer que a transposição é bobagem porque, com o aquecimento global, as descargas dos rios no Nordeste vão crescer de 25% a 150%. Prazo? "Ao longo do século 21".

Washington é sem dúvida (talvez o Marcos Sá Corrêa discorde) não só o pai do jornalismo ambiental brasileiro como talvez o maior jornalista ambiental em atividade no país. Mas desta vez ele foi longe demais. A transposição é uma bobagem por um zilhão de motivos, pisados e repisados em sua coluna semanal, mas não por isso. Ninguém, nem Tony Blair em sua fase mais verde, formularia uma política pública com base em um único modelo climático. O IPCC usa NOVE modelos, e na maior parte do tempo eles não conversam entre si, dão resultados disparatados por uma série de razões (basicamente, o resultado de um modelo computacional depende, óbvio, de como você o alimenta, e em climatologia cada cabeça é uma sentença). Não que os meteorologistas sejam desonestos ou burros, mas é que equações não-lineares e a simulação de um sistema tão complexo quanto o clima global são mesmo coisas muito difíceis. A teoria do caos, Daniel me corrija se eu estiver errado, é um spin-off da meteorologia.

O sinal de chuvas no Nordeste tem sido um dos fatores mais debatidos da modelagem climática na América do Sul. Por algum motivo, cada simulação dá uma coisa. Carlos Nobre, do Inpe, por exemplo, concluiu que ainda não dá pra prever o que vai acontecer de fato num cenário de aquecimento global no Nordeste. Por lo tanto, meu caro Washington, devagar com o andor.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Da Wikipédia

Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão ou informação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura.
A tortura é proibida pela Convenção das Nações Unidas contra a tortura, adotada pela Assembléia Geral em 10 de dezembro de 1984, vigorando desde 26 de junho de 1987, e pela terceira Convenção de Genebra. Ela constitui uma grave violação dos Direitos Humanos. Não obstante, a tortura ainda é praticada no mundo, freqüentemente coberta por uma definição imprecisa da lei ou legislações locais vagas.

Oz

ARIEL SHARON não tem mais cérebro. E daí? Muita gente por aí não tem coração.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Aqui se faz, aqui se paga

ALLAH, SE EXISTE, PARECE ter ouvido as preces de alguns palestinos. Não é que Ariel Sharon, que massacrou campos de refugiados, sitiou Belém e construiu um muro em volta de Israel (surrupiando a água dos vizinhos e inimigos) teve um outro derrame? Desta vez hemorragia cerebral. Coisa braba. Na melhor das hipóteses, vai virar Dom Lázaro e morrer como convém a generais açougueiros como ele: bobo, na cama, mijando nas calças.

I don't want to stay here

CONTINUO NA MINHA heróica e mesopotâmica campanha Morte aos Políticos Nordestinos. Acabo de voltar da minha terra natal, Salvador, lugar que há um ano não visito e onde descobri um estranho culto à personalidade que faria Ferdinando Marcos e Anastazio Somoza enrubescerem de vergolha (ou inveja). O nome do santo é Luís Eduardo Magalhães. Deputado Luís Eduardo Magalhães. Ele, o filho querido de ACM, que foi presidente da Câmara e teria sido presidente do Brasil se a vodca e a cocaína o tivessem permitido.

Na Avenida Paralela, a única via expressa de Salvador, o choroso senador pai mandou construir (com dinheiro do contribuinte) um monumento ao nobre e finado parlamentar. Uma enorme placa de mármore, outra maior ainda de granito, adornam o canteiro central. Resguardada por elas, uma estátua de bronze em tamanho natural do deputado, mão erguida, imitando o ilustre gesto da estátua recém-famosa de JK (que lá em Brasília apelidamos de "vade retro, cearense"). Flores frescas, trocadas diariamente por um soldado da PM (pagas e pago com dinheiro do contribuinte) , adornam os pés de Luís Eduardo. Tem até estacionamento para os visitantes.

Ruim, mas nada demais, certo? Errado. O monumento fica situado entre o viaduto Luís Eduardo Magalhães e o Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães. Quem quiser pode ainda trafegar pela Avenida Antônio Carlos Magalhães, uma das principais vias da cidade, não muito longe dali. Se você ainda não teve o bastante, no ano passado algum luminar da política nordestina rebatizou um município baiano de Luís Eduardo Magalhães.